Por: Priscila Costa
27/06/201915:31- atualizado às 15:31 em 27/06/2019
O universo digital impacta cada vez mais nos negócios do mundo real. O fluxo gigantesco de informações não só exige mais atenção às pessoas, como também requer prudência em relação ao que sua empresa faz nas redes sociais. E isso, na prática, não é fácil – porque demanda mais cuidado com as mídias e um tipo diferente de negócio para o universo virtual.
Os dados do Social Media Trends 2017, da Rock Content, indicam que 92,1% das empresas do País estão nas mídias sociais. Só que, em contrapartida, nem metade dessas organizações (25,1%) mensura os resultados e os impactos do que as pessoas fazem que as afetam.
Nesse caso, o fato da empresa estar na internet pode não ser nada, se a estratégia de negócios não for cuidadosamente pensada. O risco dessa ausência, no entanto, vai além da perda de seguidores, chegando também a atingir as novas oportunidades no mercado.
Sandra Turchi, especialista em marketing digital e e-commerce, afirma que são muitos os impactos da transformação digital. Dentro do universo corporativo, por exemplo, muda “toda a forma como a empresa faz negócios”, pois “o digital não afeta só o marketing, ele interfere em várias frentes da empresa”.
O relatório da Sprout Social, de 2016, mostra que 25% das pessoas começam a seguir uma marca para ter um canal de diálogo com ela. Nesse caso, se as pessoas querem dialogar com suas marcas favoritas, essas empresas precisam estar prontas para atendê-las.
A pista importante, nesse caso, é que: não basta apenas ter uma rede social, é preciso saber usar essas ferramentas e suas linguagens.
Os impactos do digital “têm a ver com a tecnologia, mas não só com ela. Têm a ver com mudança de processos e também de pessoas, porque tem que ter uma mudança de visão, de forma de pensar”, como coloca Sandra.
Dinâmica da marca
A perspectiva da professora e consultora, Marcia Auriani, especialista em branding e gestão do design, complementa a visão de Sandra sobre as transformações do digital em relação à empresa. Não só é necessário saber o que é o digital, mas também, compreender como o posicionamento da marca se torna essencial, posto o fato de que a “dinâmica de divulgação [da marca] muda [e ela] passa a ser associada com informação”.
Essa associação da marca à informação, ligada a essa mudança de visão, ressalta um ponto importante de reflexão: o real impacto da questão do diálogo com o cliente e do conteúdo direcionado a ele, que tem como objetivo promover a marca.
Dados da Sprout Social indicam que “86% dos usuários das redes sociais” querem seguir, e seguem as marcas. No entanto, o maior problema é que elas [as marcas] não oferecem aos seus seguidores conteúdo relevante o suficiente para que sejam associadas à informação.
41,1% das pessoas vão deixar de seguir sua marca por não compartilhar conteúdo relevante. (Sprout Social, 2016)
Conteúdo relevante
Em sua reflexão, Marcia ressalta que o diferencial das empresas hoje é serem mais conhecidas pela informação, do que por seus serviços. Isso porque, “os consumidores passaram a ser mais seletivos, por estarem cansados das mensagens tradicionais”.
Nesse caso, a gestão do conhecimento se torna um ponto crucial de diferenciação da empresa no universo online. Gerar conteúdo relevante não é só divulgar sua marca, é gerar interesse nas pessoas. De acordo com Sandra, “o conteúdo é realmente uma base importante e estratégica [para a empresa]”.
Nesse caso, a professora Marcia dá como um exemplo prático a Natura. Conhecida empresa brasileira de cosméticos, ela é associada a valores como sustentabilidade e quebra de preconceitos, o que permite a ela ser uma marca que se conecta à vida das pessoas.
O significado prático dessa expressão é que a Natura oferece e fala sobre o que ela vende. As campanhas publicitárias, por exemplo, questionam valores sociais e culturais preestabelecidos por meio de um conteúdo relevante e de confiança, baseado nas pesquisas em fontes confiáveis.
O bom conteúdo não é focado em vender, mas em trazer algum benefício para quem o lê, como resolver um problema, esclarecer uma dúvida ou ensinar algo. (Rock Content, 2015)
O relacionamento com o cliente
Embora, o vínculo com o seu cliente seja fundamental para divulgar e fortalecer sua marca, ele também exige cuidados porque é necessário saber dosar os seus valores, sua imagem, a linguagem digital e o perfil do seu público-alvo, além de vários outros fatores que dependem da sua estratégia.
Nesse caso, não adianta produzir conteúdo só por produzir ou fazer isso de qualquer jeito. Produzir conteúdo em nome de uma marca implica, necessariamente, em seguir algumas regras “da casa” e da própria imagem que sua empresa tem no mercado. Gírias (38,4%), falta de personalidade (34,7%) e senso de humor (32,3%) podem ser um tiro no pé.
Fonte: Sprout Social, 2016
Embora pareça ser uma boa ideia ser descolado, isso pode irritar as pessoas, se o conteúdo não estiver de acordo com os valores reais da empresa. A imagem que a marca defende afeta a comunicação eficiente da organização e leva, consequentemente, as pessoas a deixarem de seguir a sua marca.
Fonte: Sprout Social, 2016
Os valores da empresa, nesse caso, são fundamentais para determinar todos os passos que as organizações vão seguir: desde as pessoas que irão representar sua marca até a tomada de decisões simples ou mais elaboradas, como os conteúdos e as ferramentas digitais que você irá usar para promover seu negócio.
Mas, não se engane, o fato de você seguir regras não quer dizer que você não pode inovar. Na verdade, você deve inovar – só que o fundamental, nesse caso, é reconhecer como levar para frente essa proposta e, isso exige estudo, pesquisa e, principalmente, medo de não errar.